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O Culto do Individual: Portuguese translation of “Cult of the Individual”

O indivíduo, desestabilizado, demanda que ele mesmo venha antes de qualquer outra coisa. Por essa razão ele demanda uma ordem que apoie o culto do individual; uma população de únicos, uma reunião de iconoclastas, um exército de estilos livres. Nós nos referimos a “individualismo” como a filosofia que (a) coloca o indivíduo acima de tudo e (b) interpreta tudo através de seu impacto em um indivíduo considerado sozinho e isolados de todos os fatores.

O indivíduo quer primeiro de tudo reconhecimento: o indivíduo quer que digam para ele que quaisquer que sejam suas falhas físicas ou mentais, ele é tão importante como qualquer outro indivíduo e pode suceder tanto quanto o outro. O indivíduo quer ser julgado pela sua personalidade, não por fatores físicos como força, inteligência, saúde ou habilidade — e sim, esses são fatores físicos, uma vez que são determinados pelo design do cérebro e do corpo. Você pode educar um idiota mas ele ainda vai ser um idiota. Você pode exercitar um fraco mas ele ainda será um fraco. Então o indivíduo quer ser julgado — bem, eles não querem ser julgados de qualquer forma, mas como isso é inevitável — eles querem ser julgados pela personalidade e pelo corte de cabelo e pelas coisas que possuem: todas as coisas que podem controlar.

O próximo indivíduo quer que a realidade trabalhe do seu jeito. Indivíduos, se a escolha fosse deles, seriam todos reis, embora o melhor rei seria aquele que governa não por razões individuais mas pelo melhor do país — pessoas, terra, costumes, valores — como um todo. Cada indivíduo um rei, e uma vez que não podemos governar outros indivíduos ou que eles não podem ser reis, nós queremos estar em nossas próprias ilhas-reino, isolados de todos os outros. Se precisamos de outras pessoas, nós as pagaremos, e então convenceremos a nós mesmos que não estamos sendo intrusos em seu reinado (é apenas justo que todos nós trabalhemos e ganhemos dinheiro para sermos reis; dinheiro, como um tempo gasto num trabalho, é igualmente acessível para todos os indivíduos-reis).

O indivíduo quer gratificação de desejos de tal forma que isso não seja uma intrusão em seu reinado. Não deveria ter nenhuma crítica a glutonice, pois um rei não merece críticas. Similarmente, ninguém deveria nos fazer parar de acumular quaisquer coisas que desejássemos possuir, seja objetos novos em folha (para os menos ricos) ou objetos de valor nostálgico misterioso (para a classe média entediada). Nós queremos drogas e se elas são más, álcool e cigarros, e nós queremos sexo de tal forma que não há obrigação — o melhor de tudo é que para cada rei haja também uma vadia, para que o sexo seja disponível e sem nenhuma sensação de que talvez nosso tempo seria melhor investido em relacionamentos ou amores de longo prazo.

O indivíduo quer “liberdade”, para que então suas escolhas não possam ser criticadas como sendo egoístas, insanas, corruptas ou vazias. Isso ajuda o indivíduo a se esconder onde está quebrado e disfarçar esse comportamento patológico como “escolha”, quando na verdade é o comportamento de um trauma passado. Eu não estou tendo sexo grupal na minha própria merda enquanto sou chicoteado por anões porque eu fui estuprado quando criança, o Rei Individual proclama, mas por que eu quero! Pessoas vivendo em cidades medíocres com empregos medíocres e amigos medíocres podem usar essa dissonância cognitiva para argumentar a forma que pensam, a maioria em si mesmos, que eles poderiam com algum esforço ter uma vida mais significante.

O indivíduo não quer lembretes da mortalidade ou da extensão de seu processo, a seleção natural. Nós não mencionamos nossas deficiências ou deformações físicas, ou o quão rasos e chatos nós somos com óculos de sol e roupas da moda e novos cortes de cabelo. Nós não queremos ser colocados em qualquer competição onde nossas habilidades inerentes são reveladas, por que isso nos lembra muito da seleção natural. Nós queremos acabar com todos as disputas, com toda a hierarquia, para que nossas deficiências sejam mascaradas por trás do fator equalizante do reconhecimento. Eu nunca morrerei.

É a necessidade coletiva de indivíduos para essas regras a serem mantidas que os ligam juntos numa reunião, e remove o seu individualismo em favor da aderência ao dogma do individualismo, como alguém confundindo o sinal de um evento pela sua realidade. O indivíduo, conhecendo apenas a si mesmo e interpretando toda a realidade em si mesmo, não apenas destrói a si mesmo mas deixa a realidade obscura por trás de regras irrealistas e semeia o caminho da nossa destruição coletiva.

Our gratitude to “Dora” for this translation.

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